EUA acelera processo para fornecer caças F-16 para a Argentina antes da China. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD), deu luz verde para uma possível transferência de até 24 caças F-16A/B para a Força Aérea da Argentina (FAA). O pacote aprovado incluiu, além dos caças, armamentos como mísseis ar-ar AIM-120 AMRAAM e AIM-9.
A subsecretária adjunta de Segurança Regional do Departamento de Estado dos EUA, Mira Resnick , disse em uma entrevista coletiva que, após uma posição favorável do Congresso americano, o governo aprovou a transferência para a Argentina dos caças desativados pela Dinamarca. Esta oferta tem como objetivo frear o avanço da China na região, uma vez que Pequim ofereceu caças JF-17 ao governo de Buenos Aires.
De acordo com o jornal argentino La Nacion, Resnick destacou que a transferência é de interesse nacional para os Estados Unidos, mas reconhece que a decisão final cabe à Argentina. A subsecretária afirmou que a oferta americana é superior à da China e que, se finalizada, servirá para aprofundar o relacionamento de longo prazo entre os EUA e a Argentina.
“O F-16 é uma plataforma confiável e comprovada que permitirá treinamentos e exercícios regulares para aumentar a interoperabilidade da Argentina com seus vizinhos e os Estados Unidos. É uma oportunidade para ambos os países enfrentarem ameaças mútuas em conjunto, e este é um avião que muitos países do mundo operam e que demonstrou a sua capacidade de modernização militar”, afirmou Resnick.
Além da venda dos caças F-16, recentemente o governo dos EUA também abriu caminho para a o fornecimento de quatro aeronaves de patrulha marítima P-3 Orion desativados pela Noruega. A aprovação da transferência das aeronaves marca uma nova etapa na relação bilateral entre os Estados Unidos e a Argentina, em meio à investidas de Pequim na América do Sul.
A subsecretária do governo dos EUA ainda esclareceu que a transferência dos F-16 não requer qualquer aprovação do Reino Unido, que mantém o veto à Argentina para a compra de equipamentos militares desde a Guerra das Malvinas, salientando que não há componentes nos aviões que exijam tal aprovação. “Trabalhamos muito para garantir que não haja obstáculos à transferência”, disse a responsável, que sublinhou que a decisão depende agora do governo argentino.
Em meio à uma profunda crise econômica, um dos principais obstáculos potenciais à conclusão da aquisição de aeronaves militares é o custo do negócio. Resnick não deu detalhes sobre qual seria o valor final dos aviões. As informações enviadas pelo DoD ao Congresso Americano em junho passado, estimava a operação em um valor aproximado de US$ 338 milhões, para a transferência de até 38 aeronaves, sendo seis F-16 Block 10 e 32 F-16 Block 15.
“Estamos trabalhando no financiamento agora e esperamos notificar em breve o Congresso, e acreditamos que isso ajudará a aumentar a competitividade desta solução para modernizar a frota da Força Aérea e apoiar sua segurança nacional”, acrescentou Resnick.
Concorrência com a China
O atual governo do presidente argentino Alberto Fernández, que se encerra no final deste ano, há muito considera adquirir aeronaves 15 chinesas JF-17. A proposta de Pequim, para onde Fernández viajou hoje (13/10), teria melhores condições, com possibilidade de negociação de mais dois lotes adicionais.
“São aeronaves novas e a China oferece um pacote de armas e sensores muito completo e com poucas restrições. As condições seriam, antes, políticas devido à reviravolta que uma operação com a China implicaria”, confidenciaram fontes militares ao La Nación. Os JF-17 seriam equipados com motores chineses, ao contrário das versões vendidas para Mianmar e Nigéria, que utilizam motores russos.
A Argentina e os Estados Unidos estiveram historicamente alinhadas militarmente e aliados europeus no século passado, que também deram forte apoio à Argentina para orientar as múltiplas negociações que o país teve no Fundo Monetário Internacional (FMI). Ao mesmo tempo, a China começou a desempenhar um papel muito mais ativo no desenvolvimento de infraestruturas e é um dos maiores parceiros comerciais e está a tornar-se um dos seus principais credores no mundo emergente e em desenvolvimento.
Fonte: La Nacion
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