Quênia liderará missão no Haiti financiada pelos EUA. Os EUA e o Quênia assinam em setembro um acordo de defesa de cinco anos de US$ 100 milhões para intervenção no Haiti, que há anos vem sofrendo com uma crise econômica social e humanitária.
A nação caribenha vive atualmente num estado de quase anarquia, assolada por gangues, sequestros e violência sexual, promovido por gangues e grupos paramilitares, que há nos geram terror ao país mais pobre das Américas.
Numa reunião em Nairóbi, a 25 de setembro, o Secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, e o Presidente do Quênia, William Ruto, concordaram com o financiamento como parte de um pacto de cooperação de defesa de cinco anos.
Os líderes estrangeiros e o governo do primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, apelaram a comunidade internacional para algum tipo de intervenção. Grupos de direitos humanos manifestaram preocupação com a missão internacional, apontando para as atrocidades cometidas durante a operação anterior das Nações Unidas (ONU) no Haiti.
O Presidente Ruto anunciou que o Quênia será “a nação líder na missão de segurança apoiada pela ONU no Haiti”, com Nairóbi a enviar 1.000 militares para o país atingido por conflitos.
Parte do acordo EUA-Quênia girava em torno do trabalho de Nairóbi na luta contra o al-Shabaab, um grupo armado baseado na Somália com ligações à Al-Qaeda.
O Haiti enfrenta atualmente a pior crise humanitária das Américas. A ilegalidade controlada por gangues tomou conta das ruas de Petion-Ville, Carrefour e da capital Porto Príncipe, aumentando a fome crescente e o surto de cólera do ano passado. A ONU afirma que a violência de gangues matou cerca de 2.500 haitianos desde o início do ano. Mais de 970 haitianos foram raptados e 10 mil deslocados à força das suas casas.
Jimmy ‘Barbecue’ Chérizier, ex-policial que se tornou chefe da gangue mais poderosa do Haiti, liderou apelos por um levante para derrubar o primeiro-ministro Ariel Henry, que assumiu o poder após o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021. “Estamos lançando a luta para derrubar o governo de Ariel Henry de qualquer forma”, disse Chérizier à Reuters. “Nossa luta será com armas.”
Chérizier disse que os haitianos se revoltariam se alguma força internacional repetisse as ações das forças de manutenção da paz da ONU durante a MINUSTAH (Mission des Nations Unies pour la Stabilisation en Haïti) — a missão mais recente liderada pelas forças de manutenção da paz da ONU no Haiti de 09/2004 a 04/2017, onde o Brasil comandou as 18 nações participantes. “Lutaremos contra eles até o nosso último suspiro”, disse Cherizier. “Será uma luta do povo haitiano para salvar a dignidade do nosso país”.
A MINUSTAH terminou em 2017, sem que a ONU estabilizasse o Haiti, que ao contrário mergulhou em um caos, agravado pelo terremoto de 2010. A chega da Quênia é como se volteasse estava zero na tentativa de melhorar o país, com o agravante que agora, a situação é ainda pior. Lembrando que desde 1993 o Haiti vem tendo missões de paz. Antes da MINUSTAH, houve a United Nations Mission in Haiti (UNMIH 1993/96); a United Nations Support Mission in Haiti (UNSMIH 1996/97); a United Nations Transition Mission in Haiti (UNTMIH 1997) e a United Nations Civilian Police Mission in Haiti (MIPONUH 1997/2000), todas patrocinadas pelas Nações Unidas.
@CAS