Atrasos do F-35 Bloco 4 preocupam a Lockheed. Após a Lockheed Martin confirmar dia 6 de setembro que irá atrasar ainda mais a entrega do primeiro F-35 atualizado com o novo software Technology Refresh-3 (TR-3), para o segundo trimestre de 2024, naturalmente surgiram outras implicações que preocupam a empresa. A mais importante são os prejuízos pelos atrasos nas entregas.
Os atrasos em tese estão sendo causados pelo reagendamento do processo de certificação do Technology Refresh-3 (TR-3), que inclui um processador central integrado da L3Harris e uma unidade de memória de aeronave e um sistema de abertura eletro-óptica distribuída da RTX.
Isto fez com a Bélgica recusasse a entrega de seus dois primeiros F-35A, por não estarem conforme o contrato, que exige que as aeronaves fossem entregues na última versão. Porém, a recusa, o atraso e os adiamentos das entregas — com ou sem multas, são apenas a parte visível de uma questão: O TR-3 não está ainda maduro. Sem ele, o F-35 não pode evoluir para um cenário operacional ideal, o Bloco 4.
Conforme as projeções da empresa, haverá uma ligeira diminuição na produção de entregas este ano para aeronaves configuradas no projeto TR-2, atualmente em serviço. Enquanto no ano anterior a empresa previu uma produção entre 100 e 120 aeronaves, a projeção do ano atual prevê um total de 97 aeronaves.
Agora o TR-3 implantando em um F-35 de produção só deve virar realidade no próximo período entre abril e junho de 2024, e não mais em dezembro de 2023. Isto se não sofrer novos atrasos. Apesar disto, a Lockheed Martin ainda mantêm o plano de produzir 156 F-35 por ano já em 2024, em uma declaração de compromisso com os clientes, mesmo com os desafio do TR-3.
Será um desafio. Atrasos são um problema para toda a cadeia produtiva, logística e operacional. Conforme relatado pela Bloomberg, o Pentágono previa uma entrega mensal de aproximadamente nove F-35 TR-3, culminando num total de 101 aeronaves até ao primeiro dia de julho de 2024.
Com o atual adiamento, é plausível que um número substancial, se não a maioria dessas aeronaves em construção serão armazenadas até a conclusão da fase de desenvolvimento do TR-3. Só após a conclusão bem sucedida do TR-3 é que o Pentágono estaria disposto a aceitar oficialmente a entrega das aeronaves.
Vale lembrar que entre estas aeronaves, nem todas são USAF. Há lotes para a Marinha Americana, e outros clientes estrangeiros. Portanto, não só belgas, mas outras nações como Noruega, Itália, Reino Unido, Japão, Austrália entre outras também devem ser afetadas. Num efeito “dominó” nações que nem voaram ainda, mas já compraram pode ter adiamentos.
O atraso no envio dos F-35 para a USAF representa um problema significativo. Previa-se que os F-35 serviriam como um substituto rápido e confiável para as 115 aeronaves programadas para serem aposentadas neste ano, que foram aprovadas pelo congresso. O total seria maior, perto de 310, mas o congresso não aprovou.
Diferenças TR-2/TR-3 – No F-35, os processadores TR-2 e TR-3 desempenham papéis distintos, mas integrais. Empregado para tarefas diversas, o TR-2 assume a função crítica de processamento dos dados dos sensores da aeronave. Por outro lado, o TR-3 tem a tarefa de executar o software da missão do jato.
Esta divisão deliberada do trabalho, meticulosamente concebida, facilita uma operação de processamento mais eficiente. Ele melhora o desempenho geral do F-35. Essa alocação estratégica de tarefas nos sistemas do jato, ressalta a importância de cada processador.
Produzido pela renomada BAE Systems, o processador TR-2, baseado na robusta arquitetura PowerPC, desempenha um papel fundamental na operação do F-35. Ele serve como base para o processamento de uma infinidade de dados derivados de uma variedade de sensores, como o radar, o sistema de mira eletro-óptico e o sistema de guerra eletrônica.
O design do TR-2 é de suma importância por ser projetado para gerenciar com eficiência grandes quantidades de dados a uma velocidade excepcional. Esta capacidade única facilita ao F-35 a identificação e rastreamento imediato de alvos, estejam eles localizados no ar ou no solo.
Produzido pela Lockheed Martin com apoio da RTX e L3Harris, o processador TR-3, um componente significativo modelado na arquitetura ARM, desempenha um papel fundamental na operação do F-35. Sua principal responsabilidade gira em torno da execução do software de missão da aeronave, um sistema abrangente que incorpora controles de voo, sistemas de armas e mecanismos de comunicação.
O TR-3 foi meticulosamente projetado para incorporar confiabilidade e segurança, duas características fundamentais que garantem a conclusão bem-sucedida das missões atribuídas ao F-35. A robustez e a segurança inerentes ao processador contribuem, portanto, para a segurança e eficácia gerais das operações da aeronave.
Devido à sua velocidade de clock superior, o processador TR-3 supera o TR-2 no F-35, permitindo assim processar dados em um ritmo mais rápido. Essa capacidade de processamento aprimorada equipa o F-35 com a capacidade de executar tarefas mais complexas e de se adaptar mais rapidamente a cenários flutuantes no campo de batalha.
A questão aqui que preocupa o fabricante não é se o TR-3 irá funcionar. Mas sim o quanto o TR-3 irá gerar atrasos na cadeia produtiva e quais os efeitos disto.
@CAS