REVO de pai pra filha na USAF. Ao longo dos seus mais de 38 anos como mecânico da USAF, o Sargento Mestre Kevin Clancy trabalhou inúmeras vezes nos aviões-tanque KC-135R da 171ª Ala de Reabastecimento Aéreo (171th ARW) da Guarda Aérea Nacional da Pensilvânia. Mas no dia 06 de julho, um voo tinha um motivo muito especial: sua filha, a 1ª Ten Megan Hirlehey, realizava a primeira missão como co-piloto de KC-135R.
“Eu repassei o check-list várias vezes na minha cabeça naquele dia. Você libera centenas de jatos ao longo dos anos, mas este tinha minha filha nele”, disse com orgulho o pai e Sargento Clancy à Air & Space Forces Magazine.
A 1ª Ten Hirlehey praticamente cresceu na Base Aérea da Guarda Aérea Nacional da Pensilvânia, localizada nos arredores de Pittsburgh, e o local onde seu pai, o Sargento Clancy trabalha desde o final dos anos 1980. “Eu queria fazer isso desde criança”, disse a agora co-piloto Ten Hirlehey.
O Reabastecimento em Voo (REVO) é um assunto de família entre pai e filha desde sempre, agora colegas de profissão.
Recentemente o Sargento Clancy relatou que logo após o episódio do 11 de setembro de 2001, ele permaneceu na Base por cinco dias consecutivos em alerta máximo. Naqueles dias de tensão nacional, sua esposa e as duas filhas foram na Base para deixar um conjunto de roupas limpas. Ele lembra que durante a visita, um dos pilotos do KC-135, Brian Krawchyk, levou as duas meninas para conhecer a “geladeira” da seção. “Ele disse para as meninas fechar os olhos, e então abriu a porta que estava cheia de sorvete”, lembrou Clancy. “A piada da família é que foi isso fez sua filha Megan decidir entrar para a Guarda Aérea Nacional!”
De sua parte, Hirlehey se lembra dos aviadores em trajes de voo andando pela Base e querendo se juntar a eles, o que não foi a jornada fácil. Ela se alistou na 171th ARW pouco antes de terminar o ensino médio em 2008, servindo na seção de educação e treinamento da Base. Seu objetivo era entrar para a USAF e se tornar piloto, mas havia um problema: seus 1,58 m de altura ficava abaixo do requisito mínimo da Força Aérea.
Sua sorte mudou alguns anos depois, quando a USAF alterou os requisitos de estatura para ampliar o número de candidatos elegíveis para pilotos. Ela foi aprovada em 2019, mas havia outro problema: a pandemia de COVID-19, que tornou um processo já longo muito maior. A paciência de Hirlehey valeu a pena.
Ela foi comissionada em 2020, passou pelo treinamento de pilotos da 171th ARW no início deste ano. “É muito surreal estar de volta aqui. Vi os pilotos andarem por aqui por 15 anos, e queria ser um deles”, disse a agora 1ª Ten Hirlehey.
À medida que o primeiro voo de Hirlehey se aproximava, seu pai, o Sargento Clancy – Mecânico de Pista Chefe – pediu para estar de serviço no dia, para ter certeza de que poderia ver sua filha decolar. Ele conseguiu mais do que isso!
Os responsáveis pelo planejamento da missão garantiram que o primeiro voo de Hirlehey fosse no KC-135R, matrícula 58-0045, jato que Clancy serviu como Chefe de Manutenção dedicado por seis anos. Clancy batizou o #0045 de “Global Reach” e criou a arte aplicada no nariz do KC-135 (“nose art”), mostrando o REVO com um bombardeiro B-52. “Chamei de ‘Alcance Global’ porque é isso que os reabastecedores fornecem à USAF”, disse ele.
Ao longo de muito tempo trabalhando em uma aeronave, é comum que os envolvidos e responsáveis as tratem como “sua própria carne e sangue”. Finalmente, em 6 de julho, opai e Sargento Clancy viu sua filha voar “no seu bebê”, por assim dizer. Ao liberar os calços, Clancy fez uma saudação e ficou olhando o lado do piloto, de acordo com o padrão, e para que não pudesse ver Hirlehey diretamente pela janela da cabine, mas se afastou “sorrindo de orelha a orelha” mesmo assim.
“Com um jato tão velho, sempre há uma chance de algo dar errado antes da partida. Fiquei muito agradecido por ela [a filha] não ter que ir para uma aeronave reserva”, disse Clancy.
Algumas horas após depois, e um voo sem intercorrências, a co-piloto Hirlehey devolveu o KC-135 são e salvo ao seu pai. O voo marcou uma mudança na vida de ambos! Exatamente quando Hirlehey começa sua própria carreira de piloto, Clancy deverá se aposentar em três meses, depois de vestir a farda por 38 anos e meio. “Este voo foi meio que a última coisa pela qual eu estava esperando”, disse ele. O veterano ficou grato por terminar as coisas com uma nota tão alta. “Poucos militares conseguem se aposentar com esta honra”, disse ele, complementando “Como pai, você quer o melhor para seus filhos, tudo bem, e o 171th é o melhor, então acho que venci”.
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