Perda do C-130 ameaça capacidade de transporte do Reino Unido, diz ex-piloto da RAF. A decisão da Royal Air Force (RAF) vender todos seus C-130 Hércules restantes, está gerando discussões entre especialistas e parlamentares. Há uma preocupação de que essa decisão reduza a capacidade de transporte aéreo do país.
Recentemente, Andy Netherwood, ex-piloto de transporte da RAF – com experiência de voar C-17 da USAF por três anos – testemunhou perante um comitê parlamentar do Reino Unido, onde enfatizou as possíveis consequências dessa situação.
Sustentado por sua grande experiência em aviação de transporte militar, o depoimento de Netherwood é embasado na preocupação que com a aposentadoria dos C-130 Hercules, a RAF perderá sua capacidade de operar em ambientes restritos e austeros.
“As vezes você não precisa de uma aeronave muito grande, justamente porque o local de pouso não comporta, ou porque ocupa muito espaço na rampa de estacionamento ou a pista é muito pequena”, disse Netherwood, observando que o Airbus A400M Atlas – aeronave que substituirá as funções do C-130 na RAF – é muito maior que o Hércules e não poderá cumprir esse tipo de missão.
Esse cenário poderá afetar diretamente as forças especiais, uma vez que em muitas missões eles operam em aeródromos pequenos ou pistas não preparadas. “Na questão de operações em pequenos aeródromos, o que vem imediatamente à mente primeiro são as forças especiais, mas na verdade tem várias outras missões que poderão ser afetadas”, disse o ex-piloto da RAF, que segue “quando entramos em um conflito, nunca pensamos em pousar em aeroportos grandes e bem localizado como Heathrow; é quase sempre é um pequeno aeroporto regional ou uma pista pequena e não preparada – então o tamanho [do avião] importa.”
A aposentadoria dos C-130 Hércules da RAF também pode afetar a capacidade do Reino Unido de manter pontes aéreas para locais estratégicos, como Chipre, Malvinas e Diego Garcia. “Embora as demandas em tempos de paz possam ser atendidas com as aeronaves restantes, inevitavelmente, perderemos a capacidade para a guerra”, afirmou Netherwood.
Além disso, a perda dos C-130 trará dificuldades para a RAF trabalhar ao lado de aliados, principalmente os Estados Unidos, o qual Netherwood enfatizou que valorizam o apoio e compartilhamento de transporte logístico e tático dos seus parceiros. “Poder contar com a RAF para missões de transporte é algo que os americanos apreciam muito no Reino Unido”, disse.
Embora a atualização da revisão integrada possa reconsiderar essa decisão, o próximo Documento de Comando que será publicado em junho, trará luz sobre o destino da frota de C-130 Hércules da RAF. Da forma que está, a perda dessas aeronaves críticas poderá ter implicações significativas, tanto para as operações militares quanto para as relações internacionais do Reino Unido.
Fonte: UK Defence Journal
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