China prepara unidade de drone espião supersônico, diz documento vazado. Militares chineses trabalham em um drone espião de alta altitude que viaja pelo menos três vezes a velocidade do som (Mach 3, ou cerca de 3.600 km/h). Esta foi uma informação divulgada ontem (18) pelo jornal Washington Post, citando como fonte documentos secretos da Agência Nacional de Inteligência Geoespacial (NGIA) dos Estados Unidos, vazado por um militar da Guarda Aérea Nacional em redes sociais.
A reportagem afirma que os militares chineses estão fazendo avanços tecnológicos significativos, com objetivo de ampliar a sua capacidade de vigilância e ataques à navios de guerra americanos em torno da Ilha de Taiwan e à bases militares na região.
O documento apresenta imagens de satélite datadas de 09 de agosto de 2022, e que mostram dois drones à jato WZ-8, em uma base aérea na região leste da China, na região de Xangai. O jornal informa que esses drones são um sistema de vigilância de ponta que poderão ajudar os chineses na “coleta dados de mapeamento em tempo real para informar a estratégia ou realizar ataques com mísseis em um conflito futuro.”
A avaliação dos EUA disse que o Exército Popular de Libertação da China (PLA) quase certamente estabeleceu sua primeira unidade UAV (Veículo Aéreo não Tripulado) em uma base aérea do Comando Oriental, responsável por atuar na área de Taiwan.
O Washington Post disse que obteve o documento a partir de imagens de arquivos classificados postados no aplicativo de mensagens Discord, supostamente publicados por um membro da Guarda Aérea Nacional de Massachusetts, que foi preso na semana passada. O Departamento de Defesa se recusou a comentar. O Ministério da Defesa Nacional da China não respondeu a um pedido de comentário enviado por fax.
Os drones WZ-8 foram tornados públicos em 2019, quando duas aeronaves pretas desfilaram pela Praça Tiananmen durante as comemorações do 70º aniversário do estabelecimento da República Popular da China. Na época, poucos analistas consideraram os drones totalmente operacionais, disse a reportagem.
Entre os documentos da NGIA estão as possíveis rotas dos drones WZ-8, bem um sistema de lançamento aéreo a partir de bombardeiros H6-M Badger modificados para a operação. Quando liberados, os drone furtivos poderiam entrar no espaço aéreo de Taiwan ou da Coreia do Sul voando em altitudes acima de 100.000 pés (31 km), voando três vezes a velocidade do som (Mach 3 ou cerca de 3.600 km/h).
Um mapa de rotas projetadas, rotulado como “não necessariamente confiável”, sugere maneiras pelas quais as câmeras e sensores eletro-ópticos do drone podem coletar informações sobre a ilha principal de Taiwan e o lado oeste da Coréia do Sul, incluindo a capital Seul. O uso de radar de abertura sintética permitiria mapear o território à noite e em situações de baixa visibilidade.
De acordo com os documentos, o Aeródromo de Liuan seria a base dos UAV WZ-8. A antiga base militar foi construída nos anos 1970 e designada como “Aeródromo 8301”. Sua localização e estrutura protegida com hangares subterrâneos na região montanhosa seria para proteger importantes projetos militares que o PLA levou para Liuan na época.
O Washington Post revisou imagens de satélite disponíveis no Google Earth, juntamente com outras recebidas do Planet Labs, onde foi possível observar que a base foi ampliada várias vezes nos últimos anos, com pelo menos 18 novas estruturas construídas após agosto de 2020. A partir do final de fevereiro de 2022, novas áreas e vias que levam às colinas ao sul da pista foram construídas. Em alguns lugares, a nova clareira tem cerca de 40 metros de largura. A reportagem cita entusiasta que afirmam que a base abriga um regimento da 10ª divisão de bombardeiros do Teatro Oriental.
O analista independente baseado em Taipei, Joseph Wen, especialista em rastrear instalações militares na China, diz que a base de Liuan esteve abandonada por anos. Foi até usado como local de filmagem para um filme de ação patriótico sobre a Guerra Sino-Japonesa. Mas há sinais claros desde 2019 de que a base voltou a funcionar. Wen rastreou uma enxurrada de atividades de construção, incluindo a ampliação dos caminhos que levam à entrada da caverna ao sul para quase 40 metros, ou aproximadamente a envergadura do bombardeiro H-6M, que poderá ser usado para lançar o drone WZ-8.
O membro sênior do Potomac Institute for Policy Studies, Dean Cheng, disse ao Washington Posto que esse material mostra que a China está desenvolvendo uma capacidade de monitorar toda a região indo-pacífio, e que não visa apenas os Estados Unidos ou a Coreia do Sul. “O Japão tem que se preocupar com isso. A Índia tem que se preocupar com isso. Todo o Sudeste Asiático tem que se preocupar com isso”, disse Cheng.
A China está criando uma variedade de sistemas de alta tecnologia para uso militar – desde armas hipersônicas que podem usar o reconhecimento de drones para fins anti-navio até armas antissatélite que eles poderiam usar para tentar cegar os Estados Unidos. “Individualmente, nenhuma dessas coisas muda o jogo. Em conjunto, estamos olhando para um PLA que está desenvolvendo um complexo de ataque de reconhecimento: encontre o inimigo, acerte o inimigo, mate o inimigo”, afirmou Cheng.
Fonte: The Washington Post
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