Mar da China: pilotos comerciais são alertados sobre bloqueios de GPS e rádios causados por navios de guerra. A companhia aérea australiana Qantas Airways alertou os seus pilotos sobre bloqueios no sinal de GPS e interferência nas comunicações de rádio VHF com os órgãos de controle de tráfego aéreo na região oeste do Pacífico e no Mar do Sul da China. Esses problemas estariam sendo causados por navios de guerra estacionados na região.
A companhia australiana emitiu um alerta de segurança operacional sobre possíveis bloqueios de sinais de GPS e interferência nas comunicações de voz, causadas por navios militares e estações presumivelmente do Exército chinês.
“As aeronaves do Grupo Qantas estão sofrendo interferência em rádios VHF e bloqueios de GPS originados de estações que representam o exército chinês no Pacífico ocidental e no Mar da China Meridional…. a suspeita é que sejam geradas por navios de guerra operando na costa noroeste da Austrália”, diz o comunicado emitido na semana passada.
Os pilotos foram orientados sobre o que fazer nessas circunstâncias. “Caso a tripulação do voo experimente essas interferências, deve tentar identificar a origem e relatar a interferência ao órgão de controle de tráfego aéreo imediatamente. Após o pouso, deve ser enviado um Relatório Intelex fornecendo detalhes do evento e qualquer outra informação de atividade incomum percebida”, diz o comunicado.
A Federação Internacional das Associações de Pilotos de Linha Aérea (IFALPA) divulgou um comunicado no início deste mês, confirmando que havia sido informada de que algumas companhias aéreas e aeronaves militares estavam sendo contatadas por navios de guerra.
“A IFALPA tomou conhecimento de algumas companhias aéreas e aeronaves militares estão sendo chamadas por navios de guerra em 121,50 ou 123,45 [frequências de rádio VHF) na região do Pacífico, especialmente no Mar da China Meridional, Mar das Filipinas, Leste do Oceano Índico”, diz o comunicado.
“Em alguns casos, os voos são vetorados para evitar sobrevoar o navio. Temos motivos para acreditar que pode haver interferências nos sistemas GNSS e RADALT. A IFALPA está se envolvendo com a IATA e os provedores de serviços de navegação aérea (ANSP) para garantir que todas as partes estejam alinhadas com nossos procedimentos e evitar que isso ocorra no futuro.”
O incidente ocorre justamente em meio aos protestos de Pequim, que é contra o acordo trilateral entre a Austrália, os Estados Unidos e o Reino Unido (AUKUS), envolvendo a aquisição de oito submarinos nucleares pela Marinha Real Australiana.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, disse à repórteres na semana passada, que o acordo AUKUS representa sérios riscos de proliferação de armas nucleares. “Será a primeira vez na história que nações que dominam as armamentos nucleares irão transferir reatores navais de propulsão nuclear e grandes quantidades de urânio altamente enriquecido para um país sem essa capacidade”, disse ele.
“Não há nada no atual sistema de salvaguardas da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) que possa garantir que esses materiais não serão desviados pela Austrália para a produção de armas nucleares. Portanto, tal cooperação representa um sério risco de proliferação nuclear”, disse o porta-voz chinês.
O agente do governo chinês exortou as três nações para cumprirem suas “obrigações de não proliferação, e se absterem de minar a autoridade e a eficácia dos sistemas de salvaguarda da AIEA.”
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