Turquia mantém-se firme contra a candidatura da Suécia à OTAN. A adesão da Suécia e da Finlândia à OTAN está em um situação indefinida. A candidatura, que já era delicada, ficou mais complexa após o presidente turco Recep Tayyip Erdogan ter expressando firme oposição depois que manifestantes queimaram um Alcorão em Estocolmo.
O ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Pekka Haavisto, disse em entrevista coletiva na terça-feira dia 24/01 que não esperava nenhum progresso na candidatura da Finlândia e da Suécia à OTAN até depois das eleições turcas no final deste ano. Os comentários de Haavisto seguem a indignação de Ancara com os manifestantes no sábado (21/01) em Estocolmo queimando o livro sagrado muçulmano, o Alcorão, perto da Embaixada da Turquia.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, descartou na segunda-feira (23/01) o apoio à candidatura da Suécia. Erdogan disse: “O governo sueco não precisa (falar) sobre os direitos e a liberdade para nós. Se você realmente respeita os direitos e a liberdade, primeiro precisa respeitar a república turca ou as crenças religiosas dos muçulmanos. Se você respeita não mostrar esse respeito, sinto muito, você não verá nenhum apoio nosso em relação à adesão à OTAN”.
Mesmo antes da queima do Alcorão, o governo turco ficou indignado com um protesto no início deste mês em Estocolmo, no qual manifestantes penduraram em um poste uma efígie do líder turco. O governo sueco, embora condene os protestos, diz que eles se enquadram na liberdade de expressão, posição apoiada na última segunda-feira pelos Estados Unidos. Falando em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse: “Temos um ditado neste país: algo pode ser legal, mas terrível. Acho que, neste caso, o que vimos no contexto da Suécia se enquadra nessa categoria”.
Washington está apoiando fortemente as propostas da Suécia e da Finlândia para ingressar na OTAN. Mas com a Suécia concedendo asilo a muitos dos oponentes de Erdogan, alguns dos quais Ancara acusa de serem terroristas, a Turquia está exigindo concessões de Estocolmo em troca da suspensão de seu veto. No ano passado, a OTAN negociou um acordo entre Estocolmo, Helsinque e Ancara para resolver o impasse. Mas Ilhan Uzgel, analista do portal de notícias Kisa Dalga, disse que com Erdogan enfrentando a reeleição em junho, o presidente turco vê uma oportunidade política em prolongar a disputa.
“Esta questão pode ser tratada em corredores diplomáticos. Mas Erdogan prefere tornar público que tem o poder. Ele ainda é um líder mundial. Ele pode dobrar a vontade da OTAN e de países aspirantes, até mesmo dos Estados Unidos. Então, eu acho que ele vai usá-lo até as eleições”, disse Uzgel.
A queima do Alcorão no sábado, dizem alguns analistas, provavelmente será uma oportunidade política para o presidente turco reunir sua base de eleitores religiosos e nacionalistas. Enfrentar a OTAN também será bom para seus apoiadores, disse Sebnem Ayse Duzgit, professor de relações internacionais da Universidade Sabanci, perto de Istambul.
“Tem a ver com o tipo de sentimento anti-OTAN que está intimamente relacionado com o sentimento anti-ocidental e anti-americano na Turquia e o tipo de percepção de que a OTAN nunca ajudou realmente a Turquia a lutar contra seu próprio problema de terrorismo”.
Com o presidente da Turquia ficando para trás em muitas pesquisas de opinião enquanto o país enfrenta problemas econômicos, poucos prevêem qualquer abrandamento na postura de Ancara antes das eleições marcadas para junho.
Fonte: Global Security Org
@CAS