Venda de F-16 à Turquia segue para o Congresso Americano. O governo Biden quer a aprovação da venda dos 40 caças Lockheed Martin F-16 Bloco 72 para a Turquia. O envio do pedido de aprovação, feito nesta semana, vem após uma avaliação de mais de um ano, onde vários precalços tiveram que ser superados. Porém, a aprovação parece que não deverá ocorrer facilmente, pois há muita oposição no Congresso.
É mais uma longa novela sobre a compra de 40 novos F-16 Bloco 70 e a venda de kits de modernização para os atuais F-16C/D da Turkish Air Force (TuAF). A Turquia vem tendo impasses com os EUA desde a compra dos sistemas de defesa aérea russos S-400, que gerou seu alijamento do programa F-35. A compra e/ou modernização de seus F-16 é vista por muitos com uma compensação pela expulsão país do JSF em 2020, que impediu a TuAF de empregar o F-35A, tendo já oito aeronaves produzidas. Mesmo assim esta venda vem sendo questionada, apesar do forte interesse da Lockheed Martin no negócio.
Além disto, o impasse na aprovação do ingresso de novos membros da OTAN pesou. A pressão efetuada pelo presidente Racep Tayyip Erdogan em junho, contestando e exigindo garantias da Suécia e Finlândia a seus interesses, para autorizarem o ingresso na OTAN foi mal vista e teve momentos que beirou a chantagem. A solução, mediada pelos EUA, deu, além de garantias aos interesses turcos, a promessa de Biden da venda dos F-16. Isto gerou polêmicas, e para muitos, foi um golpe contra a Grécia. Esta “autorização” turca ainda não está 100% garantida.
Um oficial finlandês disse à CNN que a Finlândia “não fez parte de nenhuma discussão” quando se trata dos F-16 americanos. “A Finlândia implementou tudo o que foi acordado em Madrid em junho. Agora esperamos que todos os membros da OTAN nos ajudem a levar nosso processo de adesão à linha de chegada. No que diz respeito aos F-16 americanos, obviamente não participamos de nenhuma discussão. É um assunto interno dos EUA”.
A venda proposta será feita via Foreign Military Sales (FMS), que exige aprovação do Congresso. A maioria das administrações normalmente dá ao Congresso uma notificação informal feita pela DSCA, das propostas de vendas semanas antes de tomar medidas formais. O processo de notificação informal é uma prática comum na qual os comitês relevantes se informam sobre as vendas planejadas, permitindo que a liderança do comitê levante preocupações, dê sua contribuição ou reserve um lugar. Uma vez que o governo notifique formalmente todo o Congresso sobre a venda pretendida, os legisladores têm 30 dias para bloquear o acordo, o que podem fazer aprovando uma resolução conjunta de desaprovação.
Sendo assim. A Administração Biden tem um problema. O presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, Bob Menendez, disse na sexta-feira que não aprovaria nenhuma proposta de venda de aeronaves F-16 para a Turquia, continuando sua oposição de longa data ao fornecimento de armamento para Ancara.
“Como já deixei claro repetidamente, me oponho veementemente à proposta de venda da nova aeronave F-16 do governo Biden para a Turquia”, disse o democrata de Nova Jersey. “O presidente Erdogan continua a minar o direito internacional, desrespeitar os direitos humanos e as normas democráticas e se envolver em um comportamento alarmante e desestabilizador na Turquia e contra os aliados vizinhos da OTAN.”
Menendez tem criticado fortemente o direcionamento da Turquia aos curdos e ameaças de incursões no norte da Síria. Ele criticou a proximidade de Ancara com Moscou e alertou os turcos contra a compra de mais sistemas de mísseis S-400 da Rússia. Além disso, Menendez acusou a Turquia de violar repetidamente o espaço aéreo grego com sobrevoos provocativos no Mar Egeu, chamando-o de “comportamento inaceitável de um país da OTAN”.
“Até que Erdogan cesse suas ameaças, melhore seu histórico de direitos humanos em casa — inclusive libertando jornalistas e oposição política — e comece a agir como um aliado de confiança deveria, não aprovarei esta venda”, disse Menendez.
Ao mesmo tempo, o democrata de Nova Jersey disse que acolheu “a notícia da venda de novos caças F-35 para a Grécia. Essa capacidade de defesa não é apenas crítica para um aliado de confiança da OTAN e esforços duradouros de parceiros para promover a segurança e a estabilidade no Mediterrâneo Oriental, mas também fortalece as habilidades de nossas duas nações para defender princípios compartilhados, incluindo nossa defesa coletiva, democracia, direitos humanos e o estado de direito”, disse ele na sexta-feira dia 13/01.
Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional disse: “Por uma questão de política, o Departamento não vai comentar sobre propostas de vendas ou transferências de defesa até que tenham sido formalmente notificadas ao Congresso”, disse o vice-porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel. “Mas o que eu diria é que a Turquia e a Grécia são aliados vitais, vitais da OTAN”, acrescentou, observando que os EUA têm “uma história de apoio a seus aparatos de segurança”.
“Ancara espera um resultado positivo das negociações sobre a entrega dos F-16 dos EUA. Caso contrário, já existem muitas alternativas no mundo. Novas soluções não estão excluídas”, disse um porta voz do Governo.
O processo de aprovação é considerado indefinido e polarizado no Congresso. Isto também pode afetar a venda dos F-35A a Grécia.
@CAS