Raro WC-135R da USAF realizou uma missão de 16 horas pela costa brasileira. Um raro WC-135R Constant Phoenix da USAF, conhecido pelo apelido de “nuke sniffer” (“farejador nuclear”), realizou ontem (16/01), uma longa – e raríssima – missão sobre o Atlântico sul, sendo que boa parte dela foi na costa brasileira.
Utilizando o código de chamada no rádio “MILLER 36”, o WC-135R matrícula 64-14836 (ou apenas #4836), decolou do Aeroporto Internacional de San Juan, em Porto Rico (SJU/TJSJ) por volta das 11:10 da manhã (horário de Brasília), no sentido à América do Sul. Sua saída foi acompanhada por um avião-tanque KC-10A Extender da USAF (matrícula 85-0029), que prestou suporte de reabastecimento em voo ao “MILLER 36”.
Com o transponder ADS-B ativo durante todo o voo, foi possível acompanhar através dos sites de monitoração on-line, quase que toda a missão do “MILLER 36” ao longo da América do Sul, em especial pela costa brasileira.
O jato da USAF entrou no espaço aéreo brasileiro pela Região de Informação de Voo (FIR) Atlântico, sobre o mar, na altura do estado do Amapá, divisa com a FIR Caiena (Guiana Francesa).
Às 16:55 (horário de Brasília), quando passou o limite da FIR Recife com a FIR Atlântico, na altura de João Pessoa (PB), o WC-135R deixou o nível de voo de cruzeiro de 32.500 pés (FL 325), descendo até 6.500 pés (FL 065), quando não foi mais possível acompanhá-lo por conta da baixa altitude e distância dos receptores ADS-B.
Somente às 19:50 (horário de Brasília) o “MILLER 36” reapareceu quando já voava a cerca de 125 milhas náuticas (233 km) sobre o mar, na altura da cidade de Vitória (ES), ainda mantendo o FL 065.
Ao ingressar na FIR Curitiba, altura da cidade de Campos (RJ), aproximadamente às 20:10 (horário de Brasília), o “MILLER 36” iniciou uma curva de reversão pela esquerda, subindo inicialmente para o nível de voo de 34.500 pés (FL 345). A partir desse ponto foi inciado o voo de retorno para San Juan, onde pousou às 03:43 da madrugada (horário de Brasília). O pouso no aeroporto da ilha caribenha ocorreu depois de um voo – sem escalas – que durou exatas 16 horas e 33 minutos.
O WC-135R 64-14836 “MILLER 36”
Fabricado em 1964 originalmente como um avião-tanque KC-135 “Stratotanker”, nos anos 1990 o USAF 64-14836 passou pelo programa de extensão de vida operacional, quando recebeu modernos motores turbofans CFM56 e um cockpit atualizado com avançados aviônicos digitais.
Conforme noticiamos anteriormente, o #4836 foi selecionado pelo Comando da USAF para deixar a missão de avião-tanque e ser transformado em uma plataforma “nuke sniffer”. Ele foi um dos três KC-135R Stratotanker selecionados para o programa de conversão ao padrão WC-135R Constant Phoenix.
Em 11 de julho de 2022 noticiamos a entrega do primeiro “novo” WC-135R para o 45th Reconnaissance Squadron (45th RS), uma unidade de operações especiais da USAF baseada em Offut AFB, no Nebraska. De acordo com informações – não oficiais – essa missão pelo Atlântico sul foi a primeira operação no exterior do “novo” jato do 45th RS.
Constant Phoenix
Oficialmente as plataformas WC-135 Constant Phoenix são aeronaves altamente especializadas, usadas pela USAF para pesquisas atmosféricas, em especial a monitoração partículas de radiação nuclear.
Historicamente, a frota WC-135W desempenhou um papel importante no rastreamento de vestígios radioativos do desastre da usina nuclear de Chernobyl, na União Soviética. Mais recentemente, em 2017, um WC-135W foi enviada para a RAF Mildenhall para realizar missões na Europa, depois que estações de qualidade do ar em todo o continente detectaram vestígios de iodo-131 radioativo. Atualmente, o “nuke sniffer” tem se mantido ativo na Europa, depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro deste ano.
Sua rara operação no Atlântico sul despertou grande interesse na comunidade aeronáutica brasileira, mas o fato é que não há informações oficiais da missão, e seu voo se manteve dentro das regras de navegação aérea internacional, sem colocar em risco ou conflitar com o tráfego aéreo civil.
@FFO