Nave russa Soyuz sofre avaria em órbita e atrasa troca de equipes na ISS. Uma nave russa Soyuz, acoplada à estação Espacial Internacional (ISS), sofreu uma avaria na sua fuselagem enquanto dois cosmonautas se preparavam para uma caminhada espacial. A falha foi percebida em 14 de dezembro e afetou o sistema de refrigeração da nave, levando ao cancelamento da caminhada externa.
Os cosmonautas Sergey Prokopyev e Dmitri Petelin estavam vestidos com trajes espaciais, e a eclusa já despressurizada, quando os controladores de voo solicitaram para aguardar enquanto um avaliavam um grande vazamento de líquido refrigerante (amônia) da Soyuz era investigado. Após alguns minutos, a atividade externa foi cancelada.
Engenheiros espaciais russos da Roscosmos e americanos da NASA preliminarmente concluíram que um corpo estranho (micrometeoro ou detrito espacial) atingiu um circuito externo de resfriamento, localizado na extremidade traseira da Soyuz MS-22.
O problema não é uma ameaça imediata aos sete tripulantes da ISS (quatro astronautas e três cosmonautas), mas tornou a Soyuz MS-22 inutilizada para trazer de volta à Terra os cosmonautas Sergey Prokopyev e Dmitri Petelin e o astronauta da NASA Frank Rubio.
Recentemente as agência espaciai estatal Roscosmos informou que está preparando outra Soyuz (MS-23) que será lançada em alguns meses para acoplar na ISS. Por sua vez, a nave danificada Soyuz MS-22 deverá ser trazida de forma autônoma à Terra, em voo de translado vazio, provavelmente em março.
O Diretor Executivo da Roscosmos, Sergei Krikalev, disse durante uma entrevista que o sistema de resfriamento foi danificado por um objeto de aproximadamente 1 milímetro de diâmetro. Essa avaliação foi baseada em imagens de alta resolução do local danificado e em testes de solo para recriar o falha. Não pode ser determinado se o problema foi causado por um pequeno fragmento de meteoro ou um dos inúmeros pedaços de lixo espacial que estão na órbita baixa da Terra.
Engenheiros russos acreditam que a Soyuz MS-22 ainda pode ser pilotada em caso de emergência, porém sem um sistema eficiente de refrigeração durante as seis horas de retorno à Terra, o interior da nave pode superaquecer. Isso pode danificar os computadores que calculam a trajetória de retorno e colocar a tripulação em risco. Krikalev disse que a temperatura dentro da Soyuz MS-22 pode atingir 40 graus Celsius durante o trajeto de retorno.
Funcionários das agências espaciais estudam planos de emergência em caso de uma emergência na ISS até a chegada da Soyuz MS-23. Emergencialmente um ou até mais membros da tripulação da MS-22 poderiam utilizar a nave Crew-5 Dragon da Space X, que atualmente está conectada à estação espacial. Esse veículo transporta nominalmente quatro astronautas, mas pode trazer mais pessoas à Terra em caso de emergência.
“A SpaceX tem sido extremamente responsiva. Mas tudo isso é apenas para uma emergência, ou em caso de evacuação da ISS. Estamos sempre procurando o que podemos fazer para garantir a segurança da tripulação”, disse Joel Montalbano, Gerente da NASA para o Programa da Estação Espacial Internacional.
A Soyuz MS-22 foi lançada em setembro de 2022, e deveria retornar à Terra em março de 2023. “Agora, a missão será estendida por mais alguns meses”, disse Krikalev. A uma possibilidade de que os dois cosmonautas e o astrotauta não retornem à Terra até setembro de 2023, quando a Soyuz MS-24 estiver pronta para colocar em órbita a próxima rotação da tripulação russa da ISS. Isso significa que a tripulação que deveria seguir para a ISS nesta primavera, os russos Oleg Kononenko e Nikolai Chub e norte-americana Loral O’Hara, esperarão até o outono para iniciar sua missão.
Interessante observar que os trabalhos conjuntos da NASA e da Roscosmos estão ocorrendo normalmente quando se trata de operações da ISS, dado tudo o que aconteceu desde a invasão da Ucrânia. Espera-se que a operação conjunta na Estação espacial continue pelo restante da década de 2020, apesar das hostilidades na Terra.
@FFO