Boeing apresenta detalhes do RVS 2.0 dos aviões-tanque KC-46A. A Boeing divulgou algumas informações sobre o novo Sistema de Visão Remota 2.0 (RVS 2.0) que serão incorporados aos aviões-tanque KC-46A Pégasus. Uma tela curva para fornecer maior imersão aos operadores da lança, maior poder de processamento e nova cablagem com fibras ópticas, e capacidade de “reabastecimento secreto” são algumas das novidades.
Alguns jornalistas se reuniram com funcionários da Boeing, USAF e Collins Aerospacenas instalações da Boeing, em Everett, Washington, onde receberam algumas informações, detalhes, diagramas e planos para o RVS 2.0.
Foi apresentada uma comparação do RVS 2.0 com a versão atual RVS 1.0, onde o novo sistema supera todas as falhas, distorções, apagões, deficiência de luminosidade, falta de percepção de profundidade e quaisquer outros problemas de imagens que atormentam os operadores de REVO (Reabastecimento em Voo).
Falando aos jornalistas, o Tenente-Coronel Joshua M. Renfro, da equipe multifuncional KC-46 da USAF disse que “o RVS 2.0 é um ´salto quântico´ na tecnologia de câmeras da aeronave. Mas a USAF e a Boeing reconhecem que o futuro ainda está longe”.
Em outubro foi anunciado outro atraso de 19 meses, empurrando o RVS 2.0 para outubro de 2025, ou seja, mais de cinco anos depois que os planos de corrigir o Sistema foram anunciados pela Boeing e USAF. A fase preliminar foi concluída em abril deste ano, mas o RVS 2.0 deverá passar pelas fases de revisão crítica de projeto e obter a aprovação de da Federal Aviation Administration (FAA).
Não foram informados sobre os custos envolvidos para corrigir esse problema. O vice-presidente da Boeing e Gerente do programa KC-46, James Burgess, disse apenas que os dois lados (Boeing e USAF) “chegaram a acordos”. Burgess disse que a atualização é “um sistema muito mais avançado com certeza” e observou que “a tecnologia de computação percorreu um longo caminho nos últimos 10 anos”.
Câmeras
As mudanças no RVS 2.0 começam com as câmeras na própria lança de reabastecimento (boom) e a câmera panorâmica instalada na fuselagem do KC-46A. Lembrando que O RVS 1.0 original usa câmeras em preto e branco, e que o ângulo de posição no boom causam distorção nas bordas da imagem. O novo sistema terá duas câmeras coloridas 4K e as distorções foram eliminadas, sem a necessidade de alteração na aeronave.
As novas câmeras se ajustam às condições de iluminação (luz e sombra), garantindo que os operadores vejam uma imagem limpa e bem definida. “O alcance dinâmico dessas câmeras é fenomenal. Elas são capazes de se adaptar a esse ambiente em mudança. O reabastecimento em voo é sempre um ambiente dinâmico, portanto você nunca tem as mesmas condições”, disse Ernest Burns, operador chefe de teste e avaliação da Boeing.
Não haverá mais “telas brancas ou blecautes”, além disso, todas câmeras terão novos sensores infravermelho (LWIR), capazes de detectar e capturar a radiação nesse espectro. A Boeing chama isso de “mudança de jogo”, porque permite “reabastecimentos secreto” sem o uso de luz visível.
“Ao utilizar iluminação externa com óculos de visão, o operador da lança não teria a percepção de profundidade necessária. Eles simplesmente não fazem óculos de visão noturna com esse tipo de percepção de profundidade. Portanto, a melhor maneira de fazer isso é usar câmeras LWIR e uma configuração com zero luzes visíveis”, disse Burgess.
Apesar da novidade, não ficou esclarecido se a USAF certificará o RVS 2.0 para “reabastecimento secreto”. Ainda existem “restrições operacionais” à tecnologia como ela existe hoje, disseram funcionários da Boeing.
“Ainda temos que ver o RVS 2.0 no nosso sistema de testes. A Boeing trabalhou muito nisso, mas não vimos o lado da USAF por meio de testes de desenvolvimento ou IOT&E. Então, até chegarmos a esse ponto, não posso dizer o que isso vai nos trazer em termos de capacidade de combate. Mas vamos colocá-lo à prova e tenho toda a confiança de que isso nos trará”, disse o Tenente-Coronel Renfro.
Melhor Visão
O processamento de imagem aprimorado faz parte do pacote. Uma segunda unidade de processamento de vídeo, conexões de fibra ótica e uma nova e maior Estação do Operador de Reabastecimento em Voo (AROS – Aerial Refueling Operator Station) aprimoram a experiência do operador da lança.
No nível mais básica, a tela dos operadores é maior e colorida e com apresentação mais próximo do real, porque o sistema atual mostra imagens menores, em uma proporção de 0,65 para 1, enquanto no RVS 2.0 será 0,96 para 1. Mas não será apenas uma tela maior. O monitor será montado mais alto e em ângulo, voltado para a mesma direção do operador, que olha para um espelho curvo que reflete a imagem.
“O que temos no 1.0 é uma visão direta. Então você está olhando diretamente para um monitor LCD, que está projetando em 3D. A versão 2.0 usa um sistema de projeção e um espelho curvo para refletir a imagem desse LCD em três dimensões em um espelho, fornecendo uma experiência imersiva aos operadores. O resultado é uma percepção de profundidade mais pronunciada”, disse Burgess.
Esse design foi escolhido em conjunto entre técnicos e operadores da Boeing e da USAF, que avaliaram diversos outros conceitos diferentes como visão direta, visão indireta, projetor, LCD, tudo isso. A escolha unânime recaiu sobre o modelo de espelho curvo.
A tela montada em local mais alto expande o espaço necessário para acomodar o operador da lança. A Boeing está adicionando um console central entre os dois assentos principais, proporcionando aos operadores mais espaço de armazenamento, atendendo um pedido deles. Para abrir espaço, a Boeing e a USAF concordaram em remover um terceiro assento da estação. “Foi uma troca deliberada. Engenheiros e operadores da USAF disseram que preferem a funcionalidade adicional na estação AROS do que no terceiro assento”, disse Burgess.
Enquanto aguardam a certificação da FAA, as equipes da Boeing e da USAF devem superar os problemas da cadeia de suprimento, um dos principais motivos de atrasos. Para construir protótipos das câmeras e consoles para testes de laboratório, há um nível de exigência de hardware e o software. Para uso no avião, há um outro grau de requisição exigido, o que também faz parte da cadeia de certificação.
Com os testes de laboratório e de voos ainda por vir, além dos testes reais por alguns anos, vários detalhes importantes sobre o RVS 2.0 permanecem incertos. Um deles é como a USAF priorizará a instalação dos RVS 2.0 em novos KC-46 e como se dará o retrofit de aeronaves em serviço. Esses são assuntos que a USAF ainda estuda.
Enquanto isso, os operadores de boom encontraram soluções alternativas para tornar o RVS 1.0 eficaz, permitindo que o Air Mobility Command declare a aeronave pronta para tarefas operacionais em todo o mundo. No entanto, essas soluções não terão impacto na atualização.
“O RVS 2.0 faz parte da visão de longo prazo desta aeronave. É onde precisamos estar. Não pretendemos entender todas as peças e partes necessárias para torná-lo realidade. Mas sei que vai aparecer, e vai ser incrível, e vamos aproveitá-lo ao máximo. Até lá, vamos continuar usando o KC-46 nos métodos que usamos até agora e dar capacidade de combate aos nossos militares”, disse o Tenente-Coronel Renfro.
Fonte: Air and Space Forces Magazine
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