Pilatus encerrou a produção do PC-6 Porter após 60 anos. A Pilatus Aircraft, tradicional fabricante de aeronaves da Suíça, encerrou um longo capítulo na história da aviação. Em 12 de dezembro, a empresa entregou o último monomotor PC-6 Porter, fabricado desde 1959 nas suas instalações no Aeroporto de Buochs (BXO/LSZC), região central da Suíça.
A última aeronave entregue, matrícula PK-SNF (c/n 1019), foi comprada pela Smart Aviation, uma empresa aérea da Indonésia especializada em operações para pequenas localidades nas altas montanhas do país. A Pilatus garante peças e suporte para os clientes do PC-6 por 20 anos após a compra.
Quando foi anunciado em 2019 o encerramento da linha de produção do PC-6, o então presidente da Pilatus, Oscar J. Schwenk disse: “Este avião nos fez ganhar fama e reconhecimento mundial, mas o tempo nos fez olhar desapaixonadamente para os fatos e admitir que todo produto tem um ciclo de vida que deve chegar ao fim cedo ou tarde”.
Quando criou o monomotor, a Pilatus busca o nicho do mercado de aviões que pudessem operar em quaisquer condições, incluindo pousos em pistas não preparadas, curtas e locais com grande desnível. Por essa razão, o design do PC-6 é simples, com asa alta de grande área alar e fuselagem feita com materiais que exigem pouca manutenção. Os enormes pneus de baixa pressão do trem de pouso fixo permitem que o aparelho opere em praticamente qualquer local.
No início da produção, os primeiros PC-6 saíam de fábrica equipados com um motor convencional a pistão Lycoming GSO 480, evoluindo para a versão PC-6A Turbo Porter com motor turboélice Turbomeca Astazou, posteriormente o PC-6B com turbina Pratt & Whitney Canada. Cerca de uma centena de Porters foram produzidos sob licença pela Fairchild-Hiller nos EUA, e equipados com motores Garrett TPE331.
Sua impressionante capacidade STOL (Short Takeoff and Landing), o fizeram reconhecido mundialmente. Sua configuração de asas e flapes especiais deixa o PC-6 capaz de voar a uma velocidade mínima próxima de 95 km/h, podendo pousar em impressionantes 130 metros de comprimento, e decolar decolar em menos de 200 metros.
Entre as suas muitas conquistas, o Pilatus Porter realizou várias operações com carga útil máxima em localidades com altitudes de 5.700 metros acima do nível do mar. Esse é um recorde mundial obtido pelo PC-6 que perdura por décadas!
Essa impressionante capacidade de pousar e decolar curto, sobretudo em pistas de terra e locais montanhosos e desnivelados chamaram a atenção de Hollywood. Em 1990 o filme “Air America – Louco pelo perigo”, estrelado por Mel Gibson, mostrou de forma divertida as operações dos PC-6 da empresa Air America, voando em missões nas montanhas do Laos, durante a Guerra do Vietnã.
Nessas seis décadas, pouco mais de 600 unidades foram produzidas na Suíça e nos EUA. Existem inúmeras sub-variantes do Porter, configuradas para as mais diversas operações, desde aeronaves com trens de pouso com rodas, esquis, flutuadores, inclusive uma versão militar de ataque ao solo, batizada Fairchild AU-23 Peacemaker, e equipada com lança foguetes e canhão rotativo na porta lateral.
A idade do projeto, os desenvolvimentos necessários para mantê-lo atualizado e de acordo com as regulamentações mais rígidas das autoridades aeronáuticas, não se apresentaram economicamente viáveis, levando a Pilatus a encerrar um capítulo de 60 anos na história bem sucedida do venerável PC-6 Porter.
Características básica do Pilatus PC-6 Porter:
Capacidade: piloto e até dez passageiros
Comprimento: 11,00 metros
Envergadura: 15,87 metros
Altura: 3,20 metros
Peso vazio: 1.270 kg
Carga máxima: 1.130 kg
Peso máximo de decolagem: 2.800 kg
Velocidade máxima: 232 km/h
Velocidade de cruzeiro: 213 km/h a 3.050 m (10.000 pés)
Velocidade de estol: 96 km/h (flaps baixados, sem potência)
Alcance com carga máxima: 730 km
Teto de serviço: 8.197 metros (25.000 pés)
Razão de subida: 4,8 m/s (941 pés/min)
Distância de decolagem/pouso ao nível do mar: 197/127 metros (sem obstáculos nas cabeceiras de pista)
@FFO