Ucrânia poderá receber caças MiG-29 e F-16 após a primavera. O inverno que se aproxima reduzirá as hostilidades na Ucrânia. Ambos os lados se reorganizarão. Sistemas de armas e equipamentos danificados serão reparados. O início da próxima primavera europeia deverá trazer também novidades para a Força Aérea da Ucrânia, com boa chance de receber novas aeronaves de combate para tentar reverter a vantagem aérea que hoje é russa.
Esta breve análise vem do Almirante aposentado e ex-comandante das forças da OTAN na Europa, Sr. James Stavridis. Ele enfatizou que os EUA e a OTAN deveriam aceitar a ideia que existia desde o início das hostilidades: a de fornecer caças MiG-29 poloneses e F-16 excedentes da USAF à Ucrânia. E mais que esta discussão será posta na mesa no inicio de 2023.
A Polônia foi o primeiro país disposto a enviar seus caças MiG-29 para a Ucrânia. Inicialmente, a ideia foi aceita por Washington, mas em algum momento os americanos recuaram a proposta polonesa. Há uma teoria de que as ações políticas chinesas estão por trás da recusa dos EUA.
Stavridis vê a Ucrânia como forte nas ações em terra. Os suprimentos aliados continuam. Se no início da guerra o problema era a falta de munição, agora esse problema não existe mais. O fato, escreve o Almirante, de que a motivação do exército russo não é o que o Kremlin esperava também não deve ser ignorada. Durante a mobilização, vimos muitos russos deixarem sua terra natal porque não querem lutar.
Mas o que está acontecendo nos céus da Ucrânia é radicalmente diferente. Além do inventário das Forças Aéreas e Espaciais Russas (RF VKS) ser maior e dos pilotos terem mais experiência em combate, fruto da guerra na Síria, o novo general russo nomeado para supervisionar a guerra na Ucrânia é um comandante da RF VKS. Com isto se entende bem e já era esperado que os ataques aéreos visem a infraestruturas de energia da Ucrânia. O ex-comandante das forças da OTAN na Europa diz que o Kremlin está tomando essas ações “para quebrar o moral da sociedade”.
A probabilidade de que os céus acima da Ucrânia se fechem, declarando-a uma “zona de exclusão aérea” é muito pequena, disse Stavridis. Mas, se hoje o Ocidente está pronto para fornecer sistemas de defesa aérea [NASAMS, IRIS-T, etc.], é hora de pensar em também fornecer caças. “Sem tais ações, a guerra estará a favor de Putin”, diz o almirante.
Ele reiterou que os aliados da Ucrânia devem aceitar o fato de que a defesa precisa tanto dos MiG-29 quanto dos F-16. Há alguém para entregar o MiG-29 e alguém para entregar o F-16, e isso de forma alguma perturbará o equilíbrio aéreo e as capacidades de defesa dos países fornecedores. “Com uma guerra terrestre a favor da Ucrânia e uma brutal guerra aérea a favor da Rússia, a melhor opção para o Ocidente será um aumento significativo na ajuda aérea à Ucrânia”, concluiu o Almirante dos EUA. Ele enfatizou que, segundo ele, essas negociações podem e devem começar agora, culminando com a entrega das aeronaves em maio – junho de 2023.
Na prática ainda não existe um consenso, mas já é patente que este assunto tem que ser definido e que reequipar a Força Aérea da Ucrânia com aeronaves de combate é uma pauta importante. Informações adicionais dão conta que nos bastidores está sendo costurado um acordo para ser posto em pauta em janeiro de 2023.
@CAS