China tem mais de 200 caças furtivos J-20 Mighty Dragon. Enquanto o mundo está de olho na Ucrânia, na região do Pacífico as cartas vão sendo rearranjadas “quase secretamente”. Há vários meses, analistas militares e cientistas políticos afirmam que uma guerra entre a China e Taiwan é iminente na região. Como aliados próximos, os Estados Unidos, Japão e Austrália deverão reagir em defesa de Taiwan.
Recentemente o Pentágono anunciou a substituição dos envelhecidos caça F-15 Eagle por modernos F-22 Raptors na Base Aérea da USAF, em Kadena, no Japão. À primeira vista, parece uma movimentação padrão da USAF. Posteriormente, os EUA e a Coreia do sul conduziram exercícios aéreos conjuntos, envolvendo caças F-16 da USAF e F-35 Lightning II da Força Aérea da Coreia do Sul, em treinamentos de lançamentos de bombas GBU-12 guiadas a laser. As manobras foram uma resposta aos lançamentos de mísseis balísticos intercontinental da Coreia do Norte.
Taiwan está recebendo novos caças F-16 Viper adquiridos dos Estados Unidos, enquanto governo tailandês negocia a aquisição de modernos F-35 Lightning II, os mesmos que Cingapura, Austrália e Japão já operam. Enquanto isso, Washington está enviando seus F-22 Raptor do Alasca para Kadena, no Japão. Percebem uma coisa? A China está cercada por caças de quinta geração.
É claro que Pequim leu esses sinais. De acordo com fontes ouvidas pelo South China Morning Post, a China acelerou muito a produção em série do J-20 Mighty Dragon, seu jato de quinta geração desenvolvido pela Chengdu Aircraft Industry Group (CAIG), em resposta aos F-35 da norte-americana Lockheed Martin.
No entanto, essas fontes afirmam que a China, embora atrasada, já alcançou e superou os EUA na produção dos caças de quinta geração. Estima-se que mais de 200 caças J-20 Mighty Dragon já foram produzidos, um número superior aos 186 jatos F-22 Raptor dos EUA, cuja linha de produção encerrou em 2012. De acordo com um relatório publicado pelo PLA em 2018, cada J-20 custa pelo menos US$ 110 milhões, ou seja, metade do valor de um F-22 Raptor, na época.
Inicialmente a USAF planejou adquirir uma frota de 750 caças F-22, mas essas aeronaves se tornaram mais caras do que o esperado, fazendo que Washington reduzisse o pedido para menos de 200 unidades. Estima-se que de todos 186 Raptors entregues à USAF, apenas uma centena deles estariam operacionais e prontos para combate agora.
A presença massiva dos caças furtivos ocidentais na região, seria o motivo de Pequim investir no aumento da produção das suas aeronaves. Segundo as fontes, a China deseja obter a superioridade aérea na próxima guerra.
Citando o especialista em aviação militar Andreas Rupprecht, o US Defense News informou no início deste mês, que analisando os números de série pintados em dois dos quatro J-20 que foram apresentados no China Air Show deste ano, a Chengdu entregou pelo menos 140 unidades do caça. No início deste ano, a mídia chinesa informou que o PLA planejava implantar cerca de 200 jatos J-20 para atender a crescente demanda de caças de quinta geração.
O especialista militar chinês, Fu Qianshao, disse: “a China nunca anuncia o número exato dos seus aviões de guerra, mas acredito que a capacidade de combate do J-20 seja comparável à do F-22 e ainda mais avançada que o F-35, pois foi projetado e desenvolvido no novo século.”
Se esse número de J-20 construídos forem confirmados, isso significa uma produção impressionante, uma vez que esta aeronave entrou na linha de produção em série há apenas dois anos. O porta-voz da Força Aérea do PLA, Coronel Chen Jinke, anunciou em setembro que o J-20 estava operando em todos os cinco comandos militares do país.
Essa rapidez na produção dos J-20 também aparece nos aprimoramentos das aeronaves de série, o que é relativamente rápido. Um exemplo é a instalação do novo motor turbofan WS-10C Taihang desenvolvido no país para substituir os motores russos Saturn AL-31. Com exaustor de controle 2D para vetorização de empuxo, o WS-10C garante maior manobrabilidade ao jato.
Os engenheiros chineses trabalham no motor WS-15, mais potente e com alto empuxo, para permitir que o J-20 diminua a diferença de desempenho com os F-22. Mas esse projeto está atrasado e deve começar a produção no próximo ano. Por esse motivo a CAIG optou por usar o WS-10C como uma alternativa paliativa.
Em resposta à visita da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, em Taiwan no mes de agosto, a China realizou intensos exercícios militares no entorno da Ilha taiwanesa com seus principais equipamentos, entre eles os J-20 Mighty Dragon.
O professor do departamento de estudos de segurança internacional do US Air War College, Stephen Burgess, disse que é muito cedo para tirar conclusões sobre a potencial superioridade aérea do J-20. Isto porque o PLA ainda não implementou operações conjuntas sistemáticas entre diferentes alas de combate, como fazem regularmente a USAF e a US Navy.
“A superioridade aérea sobre o território da China, possível. Sobre o Pacífico ocidental, questionável”, disse ele. “Existem diversas variáveis a serem levadas em consideração, como pilotos, rede de comunicções, reabastecimento em voo, tecnologia embarcada no F-22 da USAF e F-35C da US Navy, etc”, afirmou Burgess.
No entanto, Washington conhece os fatos e está bem cientes do poder crescente do J-20, que pode aumentar a capacidade de combate da aviação chinesa. Todas essas conclusões há muito estão incluídas nos relatórios anuais norte-americanos, que acompanha de perto o desenvolvimento da aeronave.
Fonte: South China Morning Post
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