FAB incorporou o segundo Airbus A330-200. Na última quinta-feira (03/11), a Força Aérea Brasileira (FAB) usou as suas redes sociais para anunciar a incorporação do segundo Airbus A330-200 (C-30) pelo Segundo Esquadrão do Grupo de Transporte (2º/2º GT) — “Esquadrão Corsário”. A aeronave, FAB 2902, foi transladada do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas/SP, para a Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro/RJ, sede da Unidade.
O voo entre Campinas e o Galeão durou cerca de 03 horas e 30 minutos, muito mais do que normalmente levaria. Isto ocorreu porque o FAB 2902 efetuou algumas manobras de testes sobre o mar, na altura da costa entre os estados de São Paulo e Paraná. Na região existem algumas áreas restritas, entre elas a SBR-455.
Acessando o histórico do Site FlightRadar 24, foi possível observar que o C-30 FAB 2902 (ainda usando o código ADS-B da sua antiga matrícula VP-BDV), permaneceu na área por 02h40, realizando diversas manobras com variação de velocidade e altitudes (entre 13.000 pés e 41.000 pés).
O Airbus A330 na FAB
Em 18 de abril, o Comando da Aeronáutica anunciou a aquisição de duas aeronaves Airbus A330-200 da empresa aérea Azul, pelo valor aproximado de US$ 80 milhões. Inicialmente ambas serão operadas na configuração passageiros e carga (C-30), e posteriormente serão convertidas para a versão militar A330 MRTT (Multi-Role Tanker Transport) de transporte e reabastecimento em voo (REVO), quando então receberão a designação KC-30.
No último dia 26 de julho, a FAB recebeu o primeiro C-30, matriculado 2901, em cerimônia oficial realizada na Base Aérea do Galeão (BAGL), no Rio de Janeiro/RJ. Os novos C-30 serão operados pelo Segundo Esquadrão do Segundo Grupo de Transporte (2º/2º GT) — Esquadrão Corsário.
Sem alarde?
Causou nos estranheza que um veículo da imprensa especializada questionou que o segundo A330-200 chegou a unidade sem o “alarde” do recebimento da primeira, como se isto fosse um problema. Ora isto é o normal não só aqui, como em qualquer força aérea do mundo. A partir da segunda entrega de qualquer vetor, o recebimento torna-se rotina e parte da logística da unidade, sem a necessidade de “uma festa”. Imaginemos se tivessem 100 unidades, será que teriam que haver cem “eventos” de incorporação? O normal e salutar é fazer isto no primeiro e no último exemplar. Não é só salutar, é uma tradição!
O recebimento do segundo C-30 mostra mais uma vez que a FAB tem seguido pilares importantes de continuidade de seus projetos, independente do seu Comandante. Os estudos do projeto KC-30 começaram no início de 2020, dando vez ao que ficou conhecido como Projeto KC-X3, que após um estudo detalhado das opções de mercado gerou uma RFI aos fabricantes — Airbus e Boeing, ainda no primeiro semestre de 2020. Vale destacar que tanto o A330 MRTT como o 767, seja em sua versão KC-767 convertido de uma célula civil, como o novo KC-46A, baseado na célula do Boeing 767-200ER, atendiam os requisitos iniciais do KC-X3. O projeto veio atender o anseio por uma aeronave de transporte e reabastecimento em voo estratégicos, ausente na FAB desde 2013, com a desativação dos KC-137.
O projeto tomou corpo e, com a troca de comando do COMAER em abril de 2021, do Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez para o Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, ele seguiu sem maiores percalços, mostrando que os projetos da Força Aérea estão acima deste ou daquele Comandante.
O KC-X3 seguiu seu caminho sendo concluído, com o recebimento dos A330-200, que em uma fase dois, serão convertidos em A330 MRTT — futuros KC-30. E assim tem sido com outros projetos, como F-5M, C-95M, P-95M, A-1M, KC-390 e F-39E/F, independente de mudanças na estrutura da FAB.
Claro que ajustes são feitos, como o aumento de aeronaves F-5M, redução dos A-1M ou mesmo a redução dos KC-390. Isto é gestão, que se faz necessária pois é preciso adequar o orçamento às necessidades, sempre com responsabilidade fiscal. E isto tem sido uma herança positiva, passada de comando a comando. É preciso ver isto como algo tão importante como a escolha de um novo vetor. Comprar e sustentar a operação com responsabilidade são virtudes que devem andar sempre juntas.
@FFO/CAS