Marine é preso na Austrália por supostamente treinar pilotos chineses. Um ex-piloto de AV-8B Hrrier II do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps — USMC) detido na Austrália sob sigilo absoluto, enfrentará um tribunal de Sydney na sexta-feira 4/11, devendo ser extraditado para os EUA. O instrutor aposentado do USMC é suspeito de treinar tripulações da China da PLAAF e PLAN, antes de sua prisão.
Daniel Edmund Duggan, 54, provavelmente enfrentará extradição para os Estados Unidos, onde deverá ser julgado. Ele é mais um caso, de vários que vem ocorrendo nos últimos meses, de ex-pilotos militares de nações ocidentais que trabalham na China ou em nome de clientes chineses em lugares de influência do país asiático.
Daniel Edmund Duggan foi preso pela Polícia Federal Australiana na zona rural de Nova Gales do Sul em 21 de outubro, conforme nota do departamento do procurador-geral da Austrália. Na mesma semana, os serviços de inteligência britânicos emitiram um raro aviso sobre o recrutamento de pilotos militares da RAF e da RAAF. O departamento do procurador-geral disse que Duggan, foi detido a pedido de Washington, embora as autoridades americanas e australianas tenham se recusado a dar detalhes das acusações incutidas a ele. Fontes americanas não identificadas disseram à Reuters que o FBI está interessado em Duggan, especificamente, devido ao seu trabalho na China. Um pedido de fiança teria sido negado, deixando Duggan na prisão nas proximidades de Bathurst.
Um ex-piloto e colega de USMC, que conhece Duggan há quase 20 anos, disse à AFP que ele sabia que as empresas chinesas estavam recrutando aviadores militares. “Não consigo imaginar que segredos ele teria, que ele passaria adiante, que lhe causaria tantos problemas”, disse o ex-fuzileiro naval, que pediu anonimato porque ainda trabalhava para uma companhia aérea comercial. “Acho que o trabalho na China era bem conhecido pela maioria dos ex-pilotos militares. Eu teria ouvido falar disso pela primeira vez há mais de 10 anos”.
Duggan passou mais de uma década voando no Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA (1989 – 2002), chegando ao posto de Major e instrutor de voo tático, voando o AV-8B. Ele passou algum tempo como piloto de intercâmbio do Harrier com a Marinha Espanhola e acabou acumulando várias centenas de embarques em sete porta-aviões diferentes.
Ele se mudou para a Austrália após deixar os fuzileiros, onde fundou uma empresa de “voos de aventura”, chamada Top Gun Tasmania, onde ficou entre 2005 e 2014. A empresa fazia voos para civis e curiosos com os treinadores a jato Jet Provost T5A e L-39 Albatros e os treinadores chineses primários Nanchang CJ-6A. Além de voos de aventura, eles também participaram de vários shows aéreos australianos “Nossas aeronaves Nanchang são mantidas no mesmo alto nível usando os sistemas de manutenção usados pela Força Aérea Chinesa”, diz o site.
Os registros da empresa australiana indicam que ele se mudou para Pequim por volta de 2014, anotando seu endereço em um apartamento no bairro nobre de Chaoyang, em Pequim. O ex-piloto da Marinha disse à AFP que Duggan estava “trabalhando para uma empresa na China fazendo treinamento de CRM”, referindo-se ao gerenciamento de recursos da cabine usados para melhorar a segurança do voo. Aparentemente o FBI discorda.
Na semana passada, os governos britânico e australiano revelaram temores de que Pequim estivesse caçando pilotos aposentados para treinar a força aérea chinesa em técnicas militares ocidentais. “Estamos tomando medidas decisivas para impedir os esquemas de recrutamento chineses que buscam recrutar atuais e ex-pilotos das Forças Armadas do Reino Unido para treinar pessoal do Exército de Libertação Popular”, disse o Ministério da Defesa britânico em comunicado.
A mídia britânica informou que mais de 30 pilotos aceitaram ofertas lucrativas para treinar militares chineses. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, negou qualquer conhecimento da contratação de pilotos britânicos: “Não estou ciente das circunstâncias que você mencionou”. O Ministro da Defesa australiano, Richard Marles, lançou uma investigação separada, dizendo que ficaria “perturbado” se pilotos da RAAF estivessem sendo “atraídos” para a China para fornecer treinamento adversário.
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