1º/14º GAV realiza cerimônia póstuma ao piloto do F-5E 4831. Na manhã do último dia 27 de outubro, a Base Aérea de Canoas e o 1º/14º GAV realizaram uma cerimônia póstuma em homenagem ao Maj.-Av. Edson Luiz Chiappetta Macedo, que havia desparecido em uma missão de treinamento em 28 de julho de 1982.
A cerimônia militar foi realizada na área operacional, em frente ao hangar do 1º/14º GAV — Esquadrão Pampa, unidade que o então Tenente Edson Luiz servia em 1982, quando chegou a Canoas — RS. Seu F-5E desapareceu na área de treinamento da unidade durante um voo de combate 1×1, há mais de 40 anos. Apesar dos esforços de resgate, piloto e a aeronave não foram localizados, deixando uma lacuna que só foi preenchida este ano.
A homenagem póstuma vem após partes da aeronave terem sido encontradas este ano no fundo da Lagoa dos Patos. Ela contou com a presença da irmã e das sobrinhas do caçador, que recebem flores e os “Elos de Eterna Amizade da Unidade”, uma das mais importantes honrarias concedidas pelo 1º/14º GAV a seus integrantes, que foi entregue pelo Pampa 01, o Tenente Coronel Aviador Davi de Abreu. Uma justa homenagem.
A cerimônia militar contou também com passagens de três aeronaves F-5M do 1º/14º GAV. Entre estas passagens foi feita, sobre o hangar da unidade, a tradicional formação missing man, uma clássica saudação aérea efetuada durante um funeral ou homenagem em memória de um piloto. O líder da esquadrilha “Pampa Negro”, deixou sobre a formatura no pátio do “14″ a formação, simbolizando uma homenagem em respeito e gratidão ao Major Edson Luiz. Foi um justo Adelphi e um À Caça! Pampa! A ele.
O acidente
No início da tarde do dia 28 de julho de 1982, a Esquadrilha “Pampa Branco”, composta pelos F-5E FAB 4834 (Ás) e 4831 (#2) do 1º/14º GAV decolaram da pista 12 da Base Aérea de Canoas (RS), tendo como pilotos o Cap.-Av. Valter Augusto Donato de Jesus e o Ten.-Av. Edson Luiz Chiappetta Macedo, respectivamente.
A missão consistia em um combate aéreo 1×1 (chamado “dogfight“) na área de treinamento restrita sobre a Lagoa do Patos, chamada “Lagoa 2”. O voo fazia parte da instrução para a formação operacional do Tenente Aviador Edson Luiz, visto que ele havia chegado ao “14” no início daquele ano e, portando, era o “PFO” (Piloto em Formação Operacional).
O líder daquela missão, o Capitão Aviador Donato, viu pela última vez seu ala quando fazia uma evasiva após perder seu parâmetro de tiro. Eram 13h42, horário local. O laudo sobre o acidente pouco explicou o que aconteceu.
Possivelmente o Ten.-Av. Edson Luiz tenha tido uma desorientação espacial durante o engajamento, uma vez que a lâmina d´água da lagoa estava muito calma, espelhando o céu. Ao tentar se posicionar para “encaudar” o F-5 do “Ás”, ou fugir, teria “puxado o manche” e aplicado potência “PC Maxi”, mas como estava em voo invertido e abaixo de 10 mil pés, o caça literalmente “cravou” no fundo barrento da Lagoa dos Patos.
Apesar de uma intensa busca iniciada logo após a perda de contato-rádio como o Pampa Branco #2, as equipes de resgate nunca encontraram o corpo do Tenente Aviador Edson Luiz e do seu F-5E (4831). Cinco dias após o acidente, pequenos pedaços da aeronave apareceram na margem na Lagoa.
Missão Tigre da Lagoa
Poucos dias após completar 40 anos do seu desaparecimento, foi encontrado no fundo da Lagoa do Patos (RS), os destroços do F-5E Tiger II, FAB 4831, do 1º/14º GAV “Esquadrão Pampa”. O local exato da queda do caça foi encontrado em 11 de agosto, por Cristian Yanzer, piloto de linha aérea e velejador.
O Comandante Yanzer tem procurado pelo “Tigre do 14″ há alguns anos, fazendo expedições regulares com seu veleiro VIKYNG na Lagoa dos Patos, em busca do local do acidente. Munido de mapas, sonar e de dados da queda do jato, entre eles o provável local do impacto, Yanzer mapeou a região. Seus esforços deram resultados, quando no dia 11 de agosto localizou os primeiros destroços. Em 1º de setembro, Yanzer encontrou mais destroços, e anunciou nas redes sociais o sucesso da expedição, batizada “Missão Tigre da Lagoa”:
Agora, 40 anos depois, a localização da aeronave foi encontrada, e a “Missão Tigre da Lagoa” pretende retirar os destroços do fundo da lagoa. É provável que seja impossível que os destroços tragam o motivo do acidente, mas com certeza, essa expedição liderada pelo Comandante Yanzer, encerra um capítulo na história do Esquadrão Pampa e da FAB.
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