“Deves Sentir Contigo a Glória de Voar Neste Esquadrão!”
77 anos do Esquadrão Pampa! O lema do 1º Esquadrão do 14º Grupo de Aviação (1º/14º GAV) — Esquadrão Pampa diz muito do que é esta unidade de caça, que hoje completa seus 77 anos de existência. Sediado na Base Aérea de Canoas (RS), a unidade é equipada com os Northrop F-5EM/FM Tiger II e cumpre missões de defesa aérea, superioridade aérea, ataque e conversão operacional para o F-5. Atualmente é comandada pelo Ten Cel Av André Navarro de Lima Guimarães.
Este ano, o septuagésimo sétimo aniversário veio com um presente especial, pois na mesma semana a unidade ultrapassou a marca histórica de 100 mil horas em aeronaves F-5, feito marcado com um voo especial no dia 18 de março, na Base Aérea de Canoas (BACO). Neste dia, um F-5FM (4810) e quatro F-5EM (4825/4860/4861/4877) sob códio-rádio “Esquadrão Pampa”, quebraram a barreira das 100K em pouco mais de 47 anos de operação do caça americano em Canoas. Neste período, o “Pampa” voou os F-5E do 1º lote; F-5E/F do 2º lote e os F-5EM/FM, versão modernizada pela Embraer e AEL Sistemas dos lotes 1 e 2, que equipam a unidade desde setembro de 2005. Mais detalhes aqui.
Criado pelo decreto 22.802 de 24 de março de 1947, o 1º/14º GAV nasceu, como muitas outras unidades da Força Aérea Brasileira (FAB), de um decreto único que reformulou toda a sua estrutura operacional no pós-guerra. Este decreto regulamentou o anterior, nº 9889 de 16 de setembro de 1946, que reorganizou a FAB, dando a ela uma estrutura de Força Aérea ao invés de Aviação do Exército, herdada de janeiro de 1941. Por isto, muitas unidades da FAB celebram as duas datas de criação no mesmo dia 24 de março.
Apesar de ter nascido oficialmente em 1947, as origens do 1º/14º GAV remontam ao 3º Grupo de Caça (3º GpCa) criado em 17 de agosto de 1944 e ao 4º GpCa criado em 10 de dezembro de 1945. Ambos foram sediados no então aeródromo militar do Gravataí (hoje Base Aérea de Canoas), mais precisamente, no fundo do campo de pouso originalmente construído pela empresa francesa Aeropostale, em uma área chamada de “fazendinha”, por conta do seu “ar rural” daqueles ido dos anos 1940.
Os dois esquadrões operavam como um só, ambos equipados com os Curtiss P-40E/K/M/N Warhawk, até que, em 1947, acabariam sendo unificados para dar origem ao Esquadrão Pampa. Por isto, de certa forma, em 2024 a aviação de caça em Canoas completa 80 anos de história, sendo 77 deles sob o código-rádio “PAMPA”.
A unidade que se tornou o último reduto do P-40 na FAB, operaria o monomotor americano até maio de 1954, quando um acidente em Gravataí com o P-40K, matrícula 4035, forçou a paralisação de todas as suas operações, sendo definitivamente desativados em 8 de julho de daquele ano, em uma cerimônia militar na antiga “fazendinha”. Posteriormente, as aeronaves foram sucateadas.
O P-40 deu lugar a era a jato com a chegada dos Gloster Meteor TF-7 e F-8 em 24 de setembro de 1954. Foi uma revolução e um salto operacional. Além disto, de uma hora para outra, a bucólica Canoas dos anos 1950 passou a ser a segunda cidade no Brasil a ter “jatos”, com o Rio de Janeiro. O jato britânico ficou na linha de voo até 31 de outubro de 1966, quando os últimos quatro exemplares foram repassados ao 1º Grupo de Caça, no Rio de Janeiro.
O sucessor do Meteor foi o treinador armado Lockheed AT-33A-20-LO Thunderbird, recebidos a partir de 23 de fevereiro de 1967. Foi na era AT-33 que surgiu a marca registrada da unidade: as cinco estrelas do Cruzeiro do Sul aplicadas nas aeronaves, e que se mantêm até hoje nos F-5M. A versão original representava as cinco estrelas do sul sobre o azul do céu de maio no Rio Grande do Sul, terra dos Pampas, aplicada a fuselagem traseira do AT-33.
Como aconteceu com os P-40, a partir de 1973 o “14” tornou-se o último operador do Thunderbird na FAB, cabendo a ele a honra de desativá-los em novembro de 1975, quando a grande maioria foi recolhido para o então Parque de Aeronáutica de Recife (PARF) para fins de alienação.
Um ano depois, em 26 de novembro de 1976, após um incômodo silêncio de 365 dias, o hangar Fichet em Canoas voltava a vida com a chegada da era supersônica na forma de 12 Northrop F-5E Tiger II (1º lote). As aeronaves do lote original foram substituídas, a partir de 13 de outubro de 1988, pelos 22 F-5E e 4 F-5F ex-USAF (2º lote), que, a partir de janeiro de 1990, se tornaram vetor padrão do 1º/14º GAV. Durante 25 anos os F-5 do 2º lote foram sinônimo de Esquadrão Pampa.
Estes F-5 ficaram conhecidos como os “Aggressors” devido à parte deles terem vindo de unidades deste tipo na USAF, os 64th e 65th AS, sediados em Nellis AFB. Foi também em outubro de 1988 a ativação oficial do Alerta de Defesa Aérea em Canoas (ALEDA), mantido até hoje, onde o 14º GAV mantêm aeronaves de prontidão H24 (24 horas por dia) nos 365 dias do ano.
Foi também em 1990 que a unidade ganhou uma nova aeronave. O Embraer T-27 Tucano, que permaneceria em serviço como aeronave de treinamento, patrulha de fronteira e para formação de controladores até agosto de 2009.
Em 2005 uma revolução! A unidade tornava-se o primeiro esquadrão equipado com o F-5M na FAB. A partir daí, gradualmente os F-5 do 2º lote foram sendo substituídos, até que toda a linha de voo passasse a ser composta apenas por aeronaves modernizadas em 2008. O F-5 “Mike” revolucionou a maneira da unidade pensar, trazendo itens como combate BVR, HMD, simulador e uso mísseis. Com o F-5M, o Pampa foi ao deserto de Nevada participar do exercício Red Flag 2008–03, um dos mais renomados jogos de guerra do mundo realizado pela USAF.
Neste 22 de março de 2024 o hangar está em festa, sendo um dia para celebrar os feitos desta que é uma das unidades mais importantes da nossa Força Aérea. Para marcar a data, uma cerimônia militar será realizada na BACO, onde além de registrar os seus 77 anos de criação, a unidade irá oficialmente realizar a cerimônia preparatória para o seu centenário, previsto para o dia 24 de março de 2047.
Assim vislumbrando o horizonte do esperado Centenário do Esquadrão Pampa, será acondicionada no solo sagrado do 1°/14° GAV uma “Cápsula do Tempo”, com diversos itens de volume e valor histórico, relatos e registros a fim de eternizar nos anais da história aqueles que voam, fazem voar e que contribuem para a egrégia e honrosa memória do “14″. A cápsula será aberta no aniversário de 100 Anos do Esquadrão Pampa. Tudo, é claro, será regado com um bom churrasco gaúcho, tchê!
Parabéns aos Pampas de ontem e de hoje pelos 77 anos do “14”!
À Caça! Pampa!
@CAS