“Deves Sentir Contigo a Glória de Voar Neste Esquadrão!“
75 anos do Esquadrão Pampa! O lema do 1º Esquadrão do 14º Grupo de Aviação (1º/14º GAV) — Esquadrão Pampa diz muito do que é esta unidade de caça, que hoje completa seus 75 anos de existência. Sediado na Base Aérea de Canoas, a unidade é equipada com os Northrop F-5EM/FM Tiger II e cumpre missões de defesa aérea, superioridade aérea, ataque e conversão operacional para o F-5. Atualmente é comandada pelo Ten Cel Av Davi de Abreu.
Criado pelo decreto 22.802 de 24 de março de 1947, o 1º/14º GAV nasceu, como muitas outras unidades da Força Aérea Brasileira (FAB) de um decreto único, que reformulou toda a então estrutura operacional da FAB no pós-guerra. Este decreto regulamentou o decreto nº 9889 de 16 de setembro de 1946, que reorganizou a FAB, dando a ela uma estrutura de Força Aérea ao invés da estrutura da Aviação do Exército, sido herdada em janeiro de 1941. Por isto, muitas unidades da FAB aniversariam no mesmo dia, ou seja, 24 de março.
Apesar de ter nascido oficialmente em 1947, suas origens remontam ao 3º Grupo de Caça (3º GpCa) criado em 17 de agosto de 1944 e ao 4º GpCa criado no dia 10 de dezembro de 1945. Ambos foram sediados no então aeródromo militar do Gravataí (hoje Base Aérea de Canoas), mais precisamente, no fundo do campo de pousou originalmente construído pela empresa francesa Aeropostale, em uma área chamada de “fazendinha” pela unidade, dado o “ar rural” daqueles anos 1940.
Os dois esquadrões operavam como um só, equipados com os Curtiss P-40E/K/M/N Warhawk, até que, em 1947, acabariam sendo unificados para dar origem ao Esquadrão Pampa. Por isto, de certa forma, a aviação de caça, em Canoas, sob a rege dos Pampas completa este ano 78 anos de história, 75 dos quais sob o código-rádio PAMPA.
A unidade, que se tornou o último reduto do P-40 na FAB, operaria o monomotor americano até maio de 1954, quando após um acidente com o P-40K 4035 em Gravataí, eles seriam impedidos de voar, e desativados em 8 de julho em uma cerimônia militar na antiga “fazendinha”, sendo após, sucateados.
O P-40 deu lugar a era a jato com a chegada dos Gloster Meteor TF-7 e F-8 em 24 de setembro de 1954. Foi uma revolução e um salto operacional. Além disto, de uma hora para outra, a bucólica Canoas dos anos 1950 passou a ser a segunda cidade no Brasil a ter “jatos”, junto com o Rio de Janeiro. O jato britânico ficou na linha de voo até 31 de outubro de 1966, quando os últimos quatro exemplares foram repassados ao 1º Grupo de Caça, no Rio de Janeiro.
Seu sucessor do Meteor foi o treinador armado Lockheed AT-33A-20-LO Thunderbird a partir de 23 de fevereiro de 1967. Foi na era AT-33 que surgiu a marca registrada da unidade: as cinco estrelas do Cruzeiro do Sul, aplicadas as aeronaves, que se mantêm até hoje nos F-5M. A versão original representava as cinco estrelas do sul sobre o azul do céu de maio no Rio Grande do Sul, terra dos Pampas, aplicada a fuselagem traseira do AT-33.
Como aconteceu com os P-40, a partir de 1973 o “14” tornou-se o último operador do Thunderbird na FAB, cabendo a ele a honra de desativá-los em novembro de 1975, quando a grande maioria foi recolhido para o então Parque de Aeronáutica de Recife (PARF) para fins de alienação.
Um ano depois, em 26 de novembro de 1976, após um incômodo silêncio de 365 dias, o hangar Fichet em Canoas voltava a vida com a chegada da era supersônica na forma de 12 Northrop F-5E Tiger II (1º lote). As aeronaves do lote original foram substituídas, a partir de 13 de outubro de 1988, pelos 22 F-5E e 4 F-5F ex-USAF (2º lote), que, a partir de janeiro de 1990 se tornaram vetor padrão do 1º/14º GAV. Durante 25 anos os F-5 do 2º lote foram sinônimo de Esquadrão Pampa.
Estes F-5 ficaram conhecidos como os “Aggressors” devido à parte deles terem vindo de unidades AGRS (64th e 65th AS) da USAF sediadas em Nellis AFB. Foi também em outubro de 1988 que foi ativado o Alerta de Defesa Aérea em Canoas (ALEDA), mantido até hoje, onde o 14º GAV mantêm aeronaves de alerta H24 nos 365 dias do ano.
Foi também em 1990 que a unidade ganhou uma nova aeronave. O Embraer T-27 Tucano, que permaneceria em serviço como aeronave de treinamento, patrulha de fronteira e para formação de controladores até agosto de 2009.
Em 2005 uma revolução! A unidade tornava-se o primeiro esquadrão de F-5M da FAB. A partir daí, gradualmente os F-5 do 2º lote foi sendo substituído, até que toda a linha de voo passasse a ser composta de aeronaves F-5EM/FM em 2008. O Mike revolucionou a maneira da unidade pensar, trazendo itens como combate BVR, HMD, simulador e uso mísseis como a tônica do dia a dia do “14”. Com o F-5M o Pampa foi ao deserto de Nevada participar do exercício Red Flag 2008-03, um dos mais renomados jogos de guerra do mundo realizado pela USAF.
Neste dia 24 de março o hangar está em festa, sendo um dia para celebrar os feitos desta que é uma das unidades mais importantes da nossa Força Aérea. Para marcar a data, uma cerimônia militar será realizada na BACO, onde além de registrar os seus 75 anos de criação, a unidade irá oficialmente apresentar a pintura comemorativa aplicada no F-5FM 4810, descerrar uma placa alusiva aos 75 anos na entrada do hangar e lançar o livro “Pampa 75 – Uma iconografia do 1º/14º Grupo de Aviação!” Tudo, é claro, regado a um bom churrasco gaúcho tchê!
Parabéns aos Pampas de ontem e de hoje pelos 75 anos do “14”!
À Caça! Pampa!