45 anos de F-5 no Esquadrão Pampa! Há exatos 45 anos, às 13h32 minutos do dia 26 de novembro de 1976, o primeiro F-5E tocava a então pista 12 da Base Aérea de Canoas (BACO). Começava de fato a era supersônica no 1º/14º GAV – Esquadrão Pampa, então a terceira unidade da Força Aérea Brasileira a ser equipado com Tigre da Northrop. Naquela sexta-feira, 12 F-5E pousaram na BACO, já com a bolacha do “14” na tomada de ar.
Depois de um longo inverno, o 14 retomava a sua rotina, quebrando o silêncio de um ano sem operar em Canoas, justamente o gap entre a saída do Lockheed AT-33 e a chegada do Northrop F-5.
Pouco antes do meio dia, decolam da pista 04 de Santa Cruz (BASC), com rumo Sul, os “Tigres dos Pampas”. A unidade havia passado o ano inteiro de 1976 no processo de conversão operacional para o F-5 junto ao 1º GAVCA. Era hora de voltar para casa.
Originalmente, a previsão era que o translado ocorresse com as 12 aeronaves, compondo três esquadrilhas. Porém, pouco antes da decolagem, dois incidentes acabaram por retardar um elemento por cerca de 40 minutos. O Ten.-Av. Macedo teve uma pane em sua aeronave e o Cap.-Av. Galetto também acabou sofrendo um corte na cabeça ao bater a mesma em um dos pilones da asa esquerda durante o check externo. A hora de decolagem foi mantida para as demais aeronaves, e o Esquadrão Pampa realizou um voo direto de pouco mais de uma hora e trinta minutos entre a BASC e a BACO.
Em Canoas a expectativa era grande. A base estava em festa, com a presença de todo o efetivo e de diversas autoridades e convidados. Eram 13h20 quando as primeiras três esquadrilhas (Azul/Branca/Vermelha – totalizando 10 aeronaves) apontaram no horizonte:
“Coruja muito boa tarde é Esquadrão Pampa!!!”
“Esquadrão Pampa é Coruja seja muito bem vindo! Canoas operação visual pista 12, uma dúzia. Vento 120º com meia dúzia de nós altímetro 1012 milibares – uno-zero-uno-dois, temperatura 28º C. Confirme prossegue para a inicial pilofe?”
“Negativo. Irá realizar uma passagem baixa no sentido 12 – 30!”
“OK! Está livre, reporte final para passagem!!”
Depois de alguns “rasgos” sobre o aeródromo o Esquadrão prosseguiu para o pilofe e o pouso na pista 12. Um a um os bicudos foram tocando a pista da BACO, já devidamente “marcados” com a bolacha da unidade na tomada de ar, sendo o primeiro F-5E a tocar o solo gaúcho o FAB 4852 pilotado pelo Pampa Zero-Uno Ten.-Cel.-Av. Volnei, às 13h32 local. Aos 13h47 todo o Pampa está no solo. Estava de volta a Canoas.
Com cerca de 40 minutos de atraso chega o “Pampa Verde”, o elemento que tinha ficado retido em Santa Cruz, composto pelos FAB 4827/29, que antes do pouso deram um show sobre a BACO! A primeira passagem foi a do “susto”, pois ninguém esperava; a partir da segunda passagem foram todas individuais e muito baixas, algumas de arrepiar e a .95 de Mach. Algo que não se vê mais hoje em dia! Outros tempos.
Uma curiosidade é que em 1976 não havia esquadrilha “Verde” ativada (nem hoje). As duas aeronaves que tiveram a pane antes da decolagem, na BASC, deveriam ser alas provavelmente da esquadrilha “Vermelha”, mas com a abortiva, na nova decolagem o “Ás” – Cap.-Av. Luiz Nogueira Galetto decidiu ativar uma “esquadrilha patriota” para o translado.
Os 12 primeiros F-5E do “14”.
No dia 2 de dezembro, é realizado o primeiro voo de F-5E no Sul do país partindo da Base Aérea de Canoas. O Cel.-Av. Celso Vinícius de Araújo Pinto, Cmte da BACO, liderou um elemento de F-5 tendo como ala o Maj.-Av. Pommot, durante um voo de pouco mais de uma hora. Nos dias seguintes, outros voos foram sendo montados, inclusive dois voos de esquadrão para declarar novos Líderes de Esquadrão de Caça. Entre estes primeiros voos, foram feitas as primeiras incursões sobre o Cirilão (como era denominado o estande de tiro) com F-5, com passes a seco para aferir os alvos e dar aos Pampas a chance de se ambientar com a nova equipagem em seu estande de tiro. O Sul começava a se habituar com o rosnar do Tigre.
A partir do dia 6 de dezembro o Pampa foi o anfitrião da XXXV Reunião da Aviação de Caça (RAC), que mais uma vez seria realizada em Canoas, e incluía a disputa do TAC-VI. A escolha por Canoas era proposital, pois serviria para realizar a entrega oficial das aeronaves, bem como marcar o reinício das atividades do 1º/14º GAV em missões operacionais em sua própria casa.
A competição incluía disputas esportivas, de tiro com armas portáteis (TAP) e missões de TT no estande de São Jerônimo, situado no Centro de Instrução de Butiá (CIB) do Exército, em Butiá/RS. Depois de dois dias de competição, o Catorze acabou saindo vencedor superando o 1º/1º GAVCA (F-5E), 2º/1º GAVCA (F-5E), 1ª ALADA (F-103E) e o 1º/4º GAV (AT-26). A entrega do troféu aconteceu no dia 09 de dezembro, quando também foi realizada a entrega oficial dos F-5E ao 1º/14º GAV. Na manhã daquele dia, em cerimônia presidida pelo Cmte do COMGAR, Ten.-Brig.-do -Ar Délio Jardim de Mattos, o supersônico americano era oficialmente implantado na Unidade, diante de um grande número de convidados e autoridades civis e militares. O ano se encerrava para os Pampas com um típico churrasco de confraternização no Rancho Azul, com danças gauchescas, tchê!
E o resto é história. O F-5 se tornou o vetor mais importante e longevo da história da unidade, sendo o “14” o único esquadrão da FAB a voar com os dois lotes iniciais – 1º adquirido da Northrop e o 2º ex-USAF (também conhecidos como Aggressors), além de ter tido a honra de implantar o F-5M na FAB em setembro de 2005. Hoje o 1º/14º GAV emprega os F-5EM e F-5FM. No próximo ano a unidade irá celebrar 75 anos!
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